Em 2015, Alexandre Gamelas e Catarina Santos lançaram uma petição online para evitar a destruição das barracas do Bolhão. O projecto do Mercado, depois de aprovado pela Direcção Regional de Cultura do Norte, prevê a manutenção de duas barracas. Para o Fórum Cidadania Porto, isso não é o suficiente.
Dois anos depois da criação da petição "Salvar os pavilhões do Mercado do Bolhão", Alexandre Gamelas continua a lutar pela preservação das barracas do Bolhão. Desta vez enquanto membro do Fórum Cidadania Porto. Em conjunto com Catarina Santos, consultou o projecto para o Mercado, reparando na existência de duas barracas junto da entrada da Rua Formosa. Segundo o arquitecto, essa foi uma exigência feita pela Direcção Regional de Cultura do Norte (DRCN), aquando da revisão do projecto. Exigência essa, “não muito divulgada”. Contudo, o objectivo é mantê-las a todas.
A Câmara “não queria, mas foi obrigada a manter duas barracas como memória futura”, afirma o arquitecto, antes de começar a sessão pública de esclarecimento sobre o projecto, onde pretendia incentivar à discussão pública. Com esta apresentação, que decorreu nesta quarta-feira à noite, Alexandre Gamelas pretendia “informar os portuenses” e, dessa forma, conseguir obter mais assinaturas na petição online. Para já conta com 2104 assinaturas mas tem como objectivo chegar às 4 mil para que dessa forma a petição possa chegar à Assembleia da República.
Enquanto isso, o arquitecto volta a “apelar à Câmara para que faça uma alteração ao projecto, de forma a incluir os pavilhões”. “Manter as barracas não impede a manutenção do património cultural”, defende, reiterando que os pavilhões “não são incompatíveis com o funcionamento do mercado, nem com o projecto actual”. Em época de eleições autárquicas, o arquitecto, em conjunto com o Fórum Cidadania Porto, enviou cartas abertas, a Rui Moreira e a todos os candidatos à Câmara do Porto, explicando a situação para que estes se “comprometam a preservar o património”. Para já, sem resposta.
“Este projecto é apresentado como conservador, mas não é”, afirma. Tendo como comparação a requalificação de edifícios que tem sido feita pela cidade, Alexandre Gamelas aponta para uma “reabilitação onde se mantém a fachada, mas se destrói tudo o que está no interior”. “Ao fazer isto, a Câmara está a enviar a mensagem de que destruir o património não faz mal”, lamenta, dizendo que a demolição das barracas é uma “uma decisão política”.
O projecto aprovado pela DRCN prevê a utilização de modelos de bancada extensíveis, que ocupam aproximadamente o mesmo espaço que as barracas existentes, e a construção de uma cave, que é apresentada como “justificação para a demolição dos pavilhões”. O custo final das obras do Mercado do Bolhão, apesar de estipulado em 25 milhões de euros no máximo, poderá ser de 33 milhões segundo o arquitecto, que afirma ter encontrado essa informação nos detalhes do projecto.O início das obras está previsto para Janeiro.
Há cerca de um ano, este tema também foi debatido pelo arquitecto Joaquim Massena que apresentou uma participação no Ministério Público.
Texto editado por Ana Fernandes
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