Fotos
de Francisco Queiroz, em 2008, e de Ana Paula Bandeira Morais, em 2017 |
A situação
dos azulejos do Porto é dramática. Além de tudo o que já se referiu há dias
aqui http://cidadaniaprt.blogspot.pt/2017/06/programa-de-salvaguarda-do-azulejo.html
há que juntar ainda os casos de intervenções que, apesar das boas intenções, são feitas de modo incorrecto e, às vezes, leviano e irresponsável.
há que juntar ainda os casos de intervenções que, apesar das boas intenções, são feitas de modo incorrecto e, às vezes, leviano e irresponsável.
Exemplo
paradigmático é a fachada da icónica "Pérola do Bolhão".
As
fotografias do "antes" e do "depois" mostram bem como uma
figura feminina correctamente pintada passou a ser grotesca.
Não houve respeito
pela obra artística, nem pelo seu carácter Arte Nova:
várias cores foram alteradas; os cabelos mais soltos desapareceram e passou a
haver uma massa uniforme escura, qual cabeleira; os lábios foram encurtados e
puxados para cima; o nariz ficou ambíguo; a sombra abaixo das sobrancelhas foi
realçada e desligada dos olhos; a íris foi arredondada, tornada mais pequena e
menos puxada para dentro da pálpebra, alterando a expressão plácida do rosto originalmente
pintado; parte do cabelo sobre a testa desapareceu, a mão passou a ser
disforme, como se tivesse membranas interdigitais; a linha do busto deixou de
ser coberta pela das vestes; enfim, basta comparar atentamente para ver muitos
outros aspectos que fizeram desta figura uma caricatura infeliz daquela que foi
pintada inicialmente.
Dir-se-á
que isto não é verdadeiramente um restauro. Seguramente que não. Mas, será que
uma obra azulejar desta qualidade não mereceria uma intervenção qualificada?
É preciso que se saiba: mesmo quando se intervém sobre os azulejos da cidade no sentido de tentar preservá-los, ainda há muita asneira a ser feita.
Pergunta final: a
intervenção realizada neste painel da Pérola do Bolhão será, ao menos, reversível?
É preciso que se saiba: mesmo quando se intervém sobre os azulejos da cidade no sentido de tentar preservá-los, ainda há muita asneira a ser feita.
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