quinta-feira, 25 de maio de 2023

Projecto de ampliação da Biblioteca Municipal (São Lázaro) – Protesto e pedido de esclarecimento à CMP

Exmo. Senhor Presidente da Câmara Municipal do Porto
Dr. Rui Moreira


CC. AMP e media

Tomámos conhecimento de imagens virtuais dando conta de um projecto de ampliação do edifício da Biblioteca Municipal, em São Lázaro, da autoria do arq. Souto Moura, que estaria já licenciado pela Câmara Municipal do Porto (CMP).

Independentemente das necessidades de cariz técnico-operacional de que padece o edifício actual, não se percebe a razão de a CMP avançar com um projecto que, mau grado o curriculum do seu autor, implicará o desvirtuar do quarteirão onde o novo corpo será construído, pelo seu traço disruptor, descontextualizado e impactante em termos urbanísticos, no local e na envolvente, a nível da leitura, identidade histórica e estética da Avenida Rodrigues de Freitas, Rua Morgado de Mateus e do Largo de São Lázaro, onde até agora subsiste uma evidente harmonia. Inclusivamente, prevêem-se alterações de fundo no interior do edifício existente.

Reconhecendo e aplaudindo, sem margem para dúvidas, o interesse da CMP em, finalmente, dar a atenção devida à Biblioteca Municipal e ao seu espólio, não podemos deixar de perguntar a V. Exa. se, em vez deste projecto, não seria possível, por exemplo, enterrar-se o corpo novo (há vários exemplos disso dentro e fora do país) e libertar-se o espaço à superfície para um espaço verde de apoio à biblioteca. Ou uma extensão da biblioteca para outro local que não o lote em apreço.

Não cremos que seja inevitável divorciar o novo volume das ruas envolventes, sobretudo se for concretizado o volume opaco com cércea idêntica ao edifício existente. e a desconformidade estética da fachada exterior.

Além disso, é nossa convicção que um projecto com estas características mereceria, por parte da CMP, a abertura de um período de consulta pública para que, para lá de todos os interessados poderem expressar a sua opinião, fossem esclarecidos todos os pormenores deste projecto, ou seja, a não existência de concurso público, os custos do projecto, as necessidades funcionais em causa.

Lamentamos que tal não tenha sido feito pela CMP e apresentamos a V. Exa. o nosso protesto por esse facto.

Tal como lamentamos o longo encerramento a que a biblioteca mais antiga do país (criada por Alexandre Herculano durante o cerco do Porto em 1832-1833) será votada, solidarizando-nos, portanto, com a petição entretanto criada a apelar a que isso não se verifique.

Acresce que a CMP deveria aproveitar esta "janela de oportunidade" e aumentar substancialmente a percentagem de fontes digitalizadas, que é ridiculamente baixa nos tempos que correm e injustificável, nomeadamente no que respeita à preciosa hemeroteca, onde existem volumes raros de imprensa antiga que ninguém consegue consultar há pelo menos 25 anos a esta parte, devido ao seu mau estado e à incapacidade da instituição em proceder ao restauro de algo que tem sido manuseado com pouco cuidado ao longo de décadas. Os recursos humanos existentes deveriam ser canalizados, na medida do possível, para a questão da digitalização, com uma prioridade: a imprensa diária do Porto anterior aos anos 30.

Com os melhores cumprimentos

Alexandre Gamelas, Francisco Queirós, Francisco Sousa Rio, João Batista, Paulo Ferrero, Paulo Sousa Costa, Virgílio Marques

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