Dr. Rui Moreira
CC. AMP e media
Tomamos conhecimento de imagens virtuais dando conta de alterações drásticas ao projecto de reabilitação do edifício do antigo Matadouro Industrial do Porto.
Essas mesmas imagens virtuais foram publicadas pela imobiliária CBRE. Pelo silêncio de entidades como a CMP e a IP, que estranhamos, dado a importância deste empreendimento, presumimos que não teríamos conhecimento das mudanças envolvidas no projeto.
Independentemente das necessidades de cariz técnico-operacional de que padece o projecto actual, não se percebe a razão das entidades competentes avançarem com umas alterações que, mau grado o curriculum dos seus autores, implicarão um claro downgrade visual e urbanístico em comparação com as primeiras imagens do projeto. Um projeto que se sagrou vencedor no concurso "Reconversão e Exploração do Antigo Matadouro Industrial do Porto", numa parceria liderada pela Mota-Engil, contando com o atelier do arquitecto japonês Kengo Kuma e o atelier português OODA e que aparentava e prometia ser o próximo ex-libris de Campanhã.
Quais são as razões concretas que obrigam à demolição do edifício actualmente utilizado pela 4º esquadra da PSP e do antigo pavilhão da entrada do complexo, bem como do respectivo gradeamento e colunas, que fazem a frente da Rua de São Roque da Lameira?
Se as razões são orçamentais ou implicações da IP que levam à diminuição da cobertura e à redução da qualidade do desenho dessa mesma, tal como da ponte pedonal, estamos em dúvida de como a demolição das estruturas históricas mencionadas vai ajudar na gestão orçamental.
Deste modo, quais são as mudanças concretas no projeto que o público desconhece e que não são visíveis no render? É visível agora que as estruturas do lado direito, onde se encontrava uma notável colunata alpendrada, agora demolidas, aparentavam no projeto inicial serem aproveitadas. Nas imagens virtuais mais recentes temos no seu lugar uma enorme parede cega, tal mudança nunca foi divulgada.
Questionamos também as alterações mais recentes no acesso principal para o o antigo Matadouro Industrial do Porto, onde se encontram atualmente os edifícios da 4º esquadra da PSP e o antigo pórtico de entrada do espaço que seriam preservados, que após demolidos vão dar lugar a uma enorme escadaria que carece de princípios básicos atuais de acessibilidade.
Reconhecendo e aplaudindo, sem margem para dúvidas, o interesse das entidades envolvidas em, finalmente, dar a atenção devida a esta zona Oriental da cidade tão negligenciada, não podemos deixar de apelar a V. Exa. para que estas alterações e demolições totalmente desnecessárias não sigam avante.
Com os melhores cumprimentos
João Batista, Alexandre Gamelas, Francisco Sousa Rio, Sérgio Braga da Cruz, Paulo Ferrero, Tiago Leite